Representantes da CNTA – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação, da Contac-CUT – Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT, de federações e de sindicatos do setor estiveram reunidos, ontem (09), com a ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, para discutir medidas de segurança e proteção dos trabalhadores em relação a contaminações por Covid-19 em frigoríficos. Há quinze dias, as entidades de representação de trabalhadores, junto com a UITA – União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação, lançaram a campanha “A Carne Mais Barata do Frigorífico é a do Trabalhador”, divulgando e alertando a sociedade para as péssimas condições de trabalho no setor. A reunião com a ABPA, infelizmente, não avançou – e a decisão dos dirigentes sindicais foi de intensificar e acirrar a campanha, e não apenas no Brasil: com o auxílio da UITA, esperam que a campanha chegue a toda América Latina, Estados Unidos, Europa, Ásia e China.


“Depois de seis meses de tentativas de negociação, assim que a campanha foi lançada, abriu-se um canal com a ABPA. No entanto, ficou evidente a intransigência dos frigoríficos em atender as principais reivindicações para garantir a segurança dos trabalhadores. É revoltante! ”, desabafa Artur Bueno de Camargo, presidente da CNTA.
Com a intensificação da campanha “A Carne Mais Barata do Frigorífico é a do Trabalhador”, a possibilidade de paralisações não está descartada. Para as entidades sindicais, a falta de um protocolo que possa garantir eficiência na segurança dos trabalhadores, por parte do governo, e a ganância pelo lucro, acima da vida dos trabalhadores, por parte dos frigoríficos, terá consequências desastrosas. O lucro dos frigoríficos neste primeiro semestre bateu recordes históricos.


Desde março, as entidades alertam sobre a necessidade de ações preventivas e adoção de políticas de segurança para frigoríficos no intuito de garantir o abastecimento do mercado interno sem contaminações de trabalhadores – mas nada foi feito. Com o mercado externo aquecido, a exportação se tornou prioridade. O povo brasileiro está com o poder aquisitivo reduzido e os preços dos alimentos dispararam – inclusive o preço da carne. A situação está insustentável.


“Ou os frigoríficos atendem as reivindicações de segurança dos trabalhadores, e o governo faça cumprir seu dever com ações eficientes para garantir a proteção da vida dos trabalhadores, ou poderá haver uma mobilização e paralisação da produção de carne no Brasil – o que não será bom para ninguém!”, disse Camargo.


As reivindicações mínimas exigidas pelos representantes sindicais para proporcionar uma produção sustentável com segurança aos trabalhadores nos frigoríficos são:


1. Para evitar aglomeração interna e externa na empresa e manter distanciamento físico de dois metros entre trabalhadores, propomos a redução de 50% do número de trabalhadores por turno, com implantação de mais um turno de trabalho e redução do ritmo de produção na mesma proporção, com atividade de segunda a sexta-feira;


2. Para garantir que todos os trabalhadores estejam saudáveis, sempre que houver uma paralisação de produção nos frigoríficos, deverá ser feita a testagem em 100% dos trabalhadores em sua retomada;


3. Para garantir a higiene e segurança, fornecimento gratuito de todos os EPIs a todos os trabalhadores, com troca diária dos EPIs e de máscaras.


Nelson Morelli
Presidente CONTAC
Celular (19) 99216-2059


Artur Bueno de Camargo
Presidente CNTA
Celular (61) 98143-8256


Gerardo Iglesias
Secretário Regional para América Latina da UITA

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