Trabalhadores do setor da Alimentação, empresas, governo, imprensa e a sociedade em geral, tomarão contato com as campanhas pelo trabalho livre da Covid-19 nos frigoríficos, a partir desta quarta-feira (26). É quando “vão às ruas” as ações da CNTA (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação), da Contac CUT (Confederação Brasileira dos Trabalhadores na Alimentação da CUT) e da UITA (União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação).

“A Carne mais Barata do Frigorífico é a do Trabalhador” reivindicará a atenção das empresas para medidas de proteção aos empregados no interior das indústrias, como o fim das aglomerações e a testagem em massa. Já a “Campanha Nacional pela Troca Diária de Máscaras no Frigorífico” vai protestar contra a prática arriscada, de manter o trabalhador com a mesma máscara por até 5 dias.

A estratégia de divulgação das campanhas foi detalhada em live pelo aplicativo Zoom, que reuniu lideranças da categoria da Alimentação de todo o país, nesta segunda-feira (24). “Passamos a fase do planejamento, agora é ir às ruas. Já são mais de 120 mil trabalhadores infectados”, argumentou o presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo.

“Público interno, categoria, patrões, governo, imprensa e sociedade serão os alvos da nossa mensagem”, emendou o presidente da Contac CUT, Nelson Morelli. O secretário regional para a América Latina da UITA, Gerardo Iglesias, deverá fazer a tradução da campanha para o inglês, com foco na repercussão internacional. “As empresas são evidentemente sensíveis a esta repercussão”, apontou.

Testagem dos trabalhadores, criação de turnos para ocupação de apenas 50% do interior das fábricas, distanciamento de 2 metros ente os trabalhadores, troca das máscaras conforme recomendados por profissionais da Saúde do Trabalho, afastamento dos empregados de grupos de risco e a adoção de medidas sanitizantes – são as pautas das duas campanhas das entidades.

LIVE E ORIENTAÇÕES

A live de segunda-feira contou com a presença do médico do trabalho, Arlindo Silveira, que atua no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) de Diadema-SP. “O uso da máscara por 5 dias se baseia numa orientação da Anvisa editada no início caótico da Covid, onde o temor era a falta de insumos para os trabalhadores da Saúde. No trabalho das indústrias de frigoríficos, no entanto, isto é totalmente inviável”, apontou.

O médico explicou que a máscara do trabalhador recebe respingo de material biológico (materiais como sangue e restos de carne), ficando impraticável para conter as partículas contaminadas pelo Coronavírus durante o período de 5 dias. “Nossa luta é pela troca da máscara”, afirmou.

Ele também alertou para outra prática perigosa, que está sendo comum nas empresas – trabalhadores estão levando a máscara para suas casas.

“A Covid não é uma simples infecção respiratória. É um quadro inflamatório generalizado, que consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica. É um vírus novo, que está se estabilizando na nossa sociedade, e com isto apresentando diversas formas de mutação. Merece todo o cuidado do mundo, e sinto dizer que ainda não estamos vendo luz no final do túnel”, afirmou o especialista.

“Somos o 50º país do mundo em nível de testagem, com míseros 13 testes por mil habitantes. Estamos mal, e a vacina ainda é um evento distante”, concluiu Silveira. Ele conclamou os dirigentes sindicais a ocuparem as instâncias públicas de saúde, como os conselhos municipais, para traduzir a crise do interior dos frigoríficos, com seus impactos nos municípios.

CAMPANHA

O material das campanhas “A Carne mais Barata do Frigorífico é a do Trabalhador” e “Campanha Nacional pela Troca Diária de Máscaras no Frigorífico” está disponível nas redes sociais da CNTA, Contac CUT e UITA. Há conteúdo específicos para redes sociais, impressos, outdoors, áudio e vídeo. O acesso é livre por AQUI.

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