A CNTA (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins) e a Regional Latinoamerica da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (UITA) participaram, no dia 14 de setembro, do Seminário de Carnes e Derivados da Festiasp (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo).

O encontro debateu a situação dos trabalhadores do setor, e preparou as entidades para a Conferência Mundial que ocorre em 4 e 5 de outubro, no Canadá. O evento reunirá entidades representativas dos empregados de todo o mundo.

Na Fetiasp, os temas foram negociações coletivas, condições de mercado e salário, saúde e segurança dos trabalhadores. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) emitiu diagnóstico social e econômico do setor, que mesmo na pandemia apresentou crescimento econômico – sem, no entanto, apresentar reflexos positivos para os trabalhadores.

“As entidades sindicais tem encontrado dificuldades nas negociações coletivas de trabalho, exigindo dos sindicatos um esforço redobrado nas mobilizações, para manter as conquistas e avançar nas questões econômicas”, disse o presidente da Fetiasp, Antonio Vitor.

O presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo, abordou a saúde e segurança dos trabalhadores. “A prática nos frigoríficos é por natureza insalubre, e os empregados trabalham até o esgotamento. Necessitamos uma legislação protetora, e normas como a NR (Norma Regulamentadora) 36”, apontou. Ele destacou ação do governo brasileiro contra a norma, para atender aos interesses das empresas. A investida só foi impedida graças à ação do MPT e da CNTA.

“Vamos relatar esta experiência no Canadá. Apenas a união da classe trabalhadora impediu uma tragédia nos frigoríficos, em plena pandemia da Covid-19”, ressaltou. O alvo do conluio entre patrões e governo federal eram, principalmente, as pausas previstas pela NR 36.

UITA

O Secretário Regional da UITA, Gerardo Iglesias, destacou a campanha nacional e internacional realizada pela entidade, em conjunto com CNTA e Contac CUT (Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT), para valorização dos trabalhadores no setor: “A carne mais barata do mercado é a do trabalhador”.

“Precisamos de um núcleo internacional de pesquisa, e ações voltadas à saúde e segurança dos trabalhadores”, apontou ele, lembrando que a triste situação dos frigoríficos brasileiros não é isolada. “A situação mundial também é ruim. Na Alemanha, onde o padrão de relações capital-trabalho é mais avançado, os trabalhadores de um frigorífico precisaram fazer greve de 10 dias”, disse.

*as fotos são da Fetiasp.