Artigo de Artur Bueno de Camargo – presidente da CNTA
O Presidente Lula tem destacado a necessidade de recuperar as indústrias em nosso país, para gerar empregos formais com qualidade. A estratégia de indicar o vice-presidente, Geraldo Alckmin, para o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústrias, Comércio e Serviços) teve, sem dúvida, o objetivo de dar relevância maior à pasta. Hoje, Geraldo é o segundo na hierarquia governamental do país.
Penso ser fundamental uma política de reindustrialização, mas não vejo sucesso se não houver mudanças nas políticas de exportação de produtos in natura.
O agro brasileiro exportou o equivalente a US$ 1 trilhão na última década. Entretanto, quando checamos o tipo de produtos exportados, verificamos que a esmagadora maioria deles é exportada in natura, o que não agrega valor ao país.
Um bom exemplo disso é o caso da soja. São US$ 46,7 bilhões de soja exportados só no ano de 2022, enquanto o óleo de soja, item processado, exportou apenas US$ 3,95 bilhões de dólares.
Evidentemente, o produtor busca vender seu produto para o mercado mais atrativo financeiramente, visando obter mais lucro. Porém, cabe ao governo adotar políticas que proporcionem equilíbrio entre a exportação in natura, e o desenvolvimento da indústria no país – inclusive estimulando a produção de alimentos industrializados para o mercado interno. Assim, elas agregarão mais valor, gerarão empregos de qualidade e a população brasileira terá um melhor poder aquisitivo, passando a consumir mais. O que consequentemente levará as indústrias a também produzirem mais (um ciclo vantajoso para ambas as partes).
Reconheço que Lula encontrará grandes dificuldades para mudar as políticas adotadas nos últimos dois governos, que só beneficiaram alguns grupos, em detrimento da maior parte da população. Eu acredito, porém, que com o apoio da sociedade, podemos construir políticas que proporcionem condições dignas de vida a todos.