A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins do Brasil, representada por sua delegação na 3ª Conferência Internacional do Setor de Lácteos da UITA, vem pela presente,se posicionar ao evento, conforme segue:
Primeiramente, queremos agradecer à UITA pelo convite e parabenizar a diretoria e toda sua equipe de apoio da Atilra, por ter proporcionado um evento de tamanha envergadura, com tanta perfeição. Não poderíamos deixar de reconhecer a grandeza e benéfica obra da escola profissionalizante. Parabéns e obrigado pela hospitalidade e atenção.
Referente à Conferência, nos permita expressar a nossa avaliação:
Procuramos ouvir atentamente os representantes de cada país e percebemos que, com exceção dos representantes de entidades específicas do setor de lácteos, todos os que se pronunciaram não conseguiram se ater apenas ao setor de lácteos, tendo eles mencionado também os problemas nos outros setores de suas representações.
Também pudemos constatar que as dificuldades apresentadas pelas entidades de cada país não se diferenciam em sua essência, a não ser pelo idioma e pela forma de cada um se expressar, que é peculiar.
Desta forma, fica fácil concluir que o capitalismo que explora os trabalhadores na América Latina é o mesmo que explora os trabalhadores da Europa e em todo o mundo. O que diferencia é o poder de resistência de cada entidade sindical.
Toda vez que o sistema capitalista entra em crise, pensamos que ele está chegando ao fim, mas é pura ilusão: os seus detentores preparam novas estratégias, sempre com o objetivo de acumular mais riqueza, à custa de maior exploração da classe trabalhadora.
Tivemos a oportunidade de ouvir o representante da Danone, que fez uma brilhante explanação, demonstrando profundo conhecimento do setor e deixando clara também a estratégia do grupo Danone, a qual não se diferencia dos grandes grupos de empresas. O objetivo é dos grandes grupos é vender a ideia de que as empresas estão se esforçando para atender a todas as reivindicações do movimento sindical, seja na parte econômica seja na social. Vejam que praticamente todos os representantes dos grandes grupos, quando estão perante dirigentes sindicais, em regra, não falam em lucro e sim do empenho que estão fazendo para implantar política que garanta ao trabalhador um bom salário, condições de trabalho dignas, segurança e saúde.
Qual a forma de combatermos a exploração que o capitalismo, cada vez mais com novas estratégias, vem sugando a classe trabalhadora ? Pensamos que a resolução aprovada na Conferência é de grande valia, mas não vamos atingir o nosso objetivo se não globalizarmos a luta sindical, com uma grande integração através de várias formas, inclusive pela Internet.
Precisamos fortalecer, com ações de lutas, as entidades que não estão conseguindo resistir à exploração dos grandes grupos de empresas, exigindo que os representantes dos grandes grupos de empresas negociem os principais pontos com grupos de dirigentes sindicais formados pelas entidades sindicais de todos os graus do setor ou categoria.
Acreditamos que poderíamos elaborar jornais para serem distribuídos aos trabalhadores com mensagem de solidariedade e apoio à luta dos trabalhadores daquele setor ou categoria, na busca de suas conquistas, no idioma de cada país e tradução para o idioma do país que está recebendo o apoio. Entendemos que toda esta luta é preciso fazer com a participação dos sindicatos, federações e confederação em cada país, mas a coordenação internacional regional deve ser feita pela regional da UITA e a coordenação internacional mundial pela matriz da UITA.
Companheiros e companheiras, estas sugestões não têm a pretensão de ser as únicas – mesmo porque não somos donos da verdade – mas queremos abrir um debate de ideia, para fortalecermos as representações da classe trabalhadora da Alimentação de todos os países para darmos uma resposta à altura que os trabalhadores merecem.
Sem mais. Saudações sindicais.
Artur Bueno de Camargo
Presidente da CNTA Afins