Transexuais e travestis encerraram, nesta terça-feira (3), um importante passo na sua busca pessoal pelos direitos da população LGBT. O curso Trans-Formação – DF e entorno, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) com apoio do Ministério Público do Trabalho, encerrou sua segunda turma com a certificação de 30 participantes. O objetivo da capacitação é empoderar e politizar, formando lideranças políticas para movimentos sociais de defesa dos direitos das pessoas trans.
A cerimônia foi realizada na sede da Procuradoria Geral do Trabalho, em Brasília, e contou com a presença de movimentos LGBT, procuradores do MPT, e do procurador-geral da instituição, Ronaldo Fleury, que abriu o evento. “É dever do Ministério Público promover a igualdade, combater todas as formas de discriminação e garantir o tratamento humano as todos os grupos sociais em condições de discriminação e vulnerabilidade perante a nossa sociedade”, declarou. Também compuseram a mesa do evento representantes de movimentos trans e as procuradores do MPT Sandria Lia e Ludmila Reis.
A procuradora Sandra Lia, explica a importância da ação para o MPT, através da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade). “O MPT tem entre as suas metas prioritárias institucionais o combate a qualquer tipo de discriminação nas relações de trabalho, e essa meta abrange a inclusão de pessoas trans. Então, qualquer iniciativa com objetivo de dar cidadania a essas pessoas o MPT vai dar total apoio, participar dessa construção”, esclarece.
Os alunos que receberam os certificados na cerimônia manifestaram satisfação em participar do curso, que abrange temas como movimentos sociais, políticas públicas e legislação. Para Nicole Silva, vendedora, mulher trans e participante desta edição do curso, a experiência foi empoderadora. “Acrescentou muito para mim como pessoa. Eu aprendi muito sobre política pública, mídias sociais e sobre várias coisas que eu não entendia, não conhecia”, declarou. “Foi muito bom conhecer pessoas que lutam por essa causa. A gente sabe que as pessoas trans existem, mas a gente não sabe quem são as pessoas por trás dos governos, das organizações, que estão junto nessa luta com a gente”, completou.
O curso que está em sua segunda edição, é composto por dois eixos: o primeiro eixo da iniciativa envolve a promoção do empoderamento pessoal dos participantes, por meio de uma atividade de reflexão sobre subjetividades e construção de narrativas pessoais. Já o segundo eixo trabalha a potencialização do trabalho dos participantes enquanto lideranças pelos direitos da população trans no DF e no entorno, por meio de um programa de mentorias.
Yves Sassenrath, representante adjunto do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), compôs a mesa do evento e conta a experiência da mentoria, pois foi também mentor de um dos alunos. “Eu mesmo sou um mentor de um homem trans que eu estou acompanhando durante os meses. Esse é um acompanhamento moral, mas é também um processo de compartilhar: compartilhar histórias da vida, compartilhar dicas, lições aprendidas a partir de falhas e de vitórias. É um acompanhamento para mostrar a essas pessoas, que são pessoas com muito valor e que precisam de um trajetória na sociedade, e que devem crer em si mesmos”, explicou Sassenrath.
Ele destacou também a importância do evento para a ONU. “Esse programa para nós, ONU, tem um sentido muito emblemático. Para nós esse curso é fundamental, porque a mensagem central para nós é construir e apoiar uma sociedade onde ninguém fica para trás”, concluiu.
Fonte: Ministério Público do Trabalho