Artur Bueno de Camargo – presidente da CNTA
O jornal Folha de São Paulo de domingo mostrou a posição de alguns empresários claramente insensíveis com questões que envolvem direitos sociais e trabalhistas – alguns, tirados dos trabalhadores brasileiros. Ou esta gente não se importa com a vida das pessoas, ou ignora a realidade em que vivemos, consequência dos governos Temer e Bolsonaro.
Dizer que estão preocupados que o presidente Lula reveja reforma trabalhista e previdenciária, feitas pelos governos anteriores, posicionando-se de que Lula não reveja o passado para trabalhar apenas com o futuro, é muita insensibilidade.
É impressionante como criticam o atual governo Lula, dizendo que o presidente não está tendo a mesma habilidade que antes para negociar com o Congresso e outros segmentos da sociedade organizada, mas se esquecem que nem bem tomou posse e o governo teve a turbulência do 8 de janeiro, quando vândalos terroristas, motivados pelo governo Bolsonaro a um golpe de estado, invadiram Brasília com sanha destrutiva. E sobrou para o governo consertar antes de poder começar a trabalhar!
Essa parcela dos empresários não fala da política de destruição de matas e dos indígenas adotada pelo governo anterior, que criou, inclusive, um ambiente negativo nas relações internacionais para o país. Dizer que é um desajuste rever o que foi feito no passado, independente de imperfeições, só pode ser porque está muito bom para eles – e a sociedade que trabalha e constrói a riqueza do país, não tem a menor importância.
Interessante, também, que abordam a pandemia, um fator que proporcionou momento delicado, mas não falam sobre a péssima condução do ex-presidente Bolsonaro na proteção da saúde da sociedade. Foi o ex-presidente que pregou e fez propaganda enganosa de medicamentos, se omitiu na compra da vacinas e desmotivou a vacinação.
Esses empresários reconhecem que os governos anteriores do PT foram responsáveis por iniciativas importantes do ponto de vista social; que devem ser preservadas, mas dizem também que as transformações econômicas de outros governos também devem ser preservadas, mas, ora, desde que não sejam iniciativas que favoreçam os mais ricos em detrimento dos direitos da classe trabalhadora, de direitos sociais conquistados.
Para finalizar quero dizer a essa parcela de empresários que lamento profundamente este tipo de visão que só protege o capitalismo e não resulta, a médio e longo prazos, em benefício para a sociedade. Políticas equivocadas que foram implementadas devem ser revistas, sim. Se não houver um equilíbrio entre o capital, o trabalho, o trabalhador e a sociedade não haverá futuro para esse país.
Não pensem apenas em vocês, empresários. Sozinhos, vocês não fazem nada.