Segundo a revista IstoÉ Dinheiro, a JBS teve um lucro líquido de R$ 5,142 bilhões apenas no primeiro trimestre deste ano. Com 60 anos em atividade, a JBS é a maior empresa de alimentos do mundo em faturamento, de acordo com o último levantamento da Bloomberg, com receita anual que ultrapassa os R$ 360 bilhões. Mesmo diante deste quadro fantástico, a empresa dificulta as negociações salariais de seus funcionários, que não pararam de produzir um dia sequer durante a pandemia mundial de coronavírus. A produção incessante pretendeu atender principalmente a demanda dos EUA durante a pandemia, o que fez o faturamento da empresa ir às alturas.

Porém, no início de agosto, a empresa encerrou as atividades da unidade de Juara (MT) repentinamente e sem explicações – o que gerou uma denúncia da CNTA ao Ministério do Trabalho e Previdência. Agora, sem aviso ou explicação, a empresa deu férias coletivas, paralisando ou remanejando abates em pelo menos seis unidades: Nova Andradina (MS); Pontes, Lacerda, Colíder e Alta Floresta (MT) e Tacumã (PA) – justamente unidades produtoras de carne para o atendimento dos brasileiros, o chamado “consumo interno”. A CNTA, junto com a Contac-CUT e a UITA, protocolou um pedido de explicações para a direção da empresa sobre as férias coletivas, que estão gerando insegurança e tensão não apenas nos trabalhadores e nas entidades representativas, mas em todo o mercado de carne do país.

Para analistas, a estratégia da JBS é controlar o preço da arroba do boi, manejando os melhores produtos para o mercado externo. Segundo nota pública divulgada pela ACRIMAT – Associação dos Criadores de Gado de Corte do Mato Grosso do Sul, essa medida causa prejuízos incalculáveis para os produtores, já que as paralisações fazem cair os valores da arroba do boi.

Para a CNTA, se as férias coletivas forem uma estratégia comercial da empresa, pode haver aumento no preço da carne para o consumidor final e até faltar o produto nos supermercados. “Trata-se, mais uma vez, da ganância sem limites!”, diz Artur Bueno de Camargo, presidente da CNTA. “Enquanto os trabalhadores estão em casa, sem saber se vão voltar a trabalhar, e o mercado não sabe se vai faltar carne, a empresa está pensando apenas em lucros e mais lucros. Parece que não basta ser a maior empresa do mundo em faturamento! É inadmissível! E ainda vemos a inoperância deste governo, que não age para garantir produtos e preços para o consumo interno, para todos nós, brasileiros!”, desabafa.

Até o momento, a JBS não respondeu o questionamento das entidades

Além da luta pela garantia dos empregos dos trabalhadores, as entidades continuam mobilizadas para garantir a permanência da Norma Regulamentadora (NR) 36, que garante parâmetros de saúde e segurança para os trabalhadores em frigoríficos.