Para o site da Rel. UITA (União Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação) – Regional da América Latina
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* Imagem: Allan McDonald – Rel UITA
Quatro cidadãos argentinos contratados para a colheita de uvas foram resgatados nesse dia em uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em uma propriedade na zona rural de São Marcos, com o apoio da Polícia Federal e do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS).
Os resgatados, com idades entre 19 e 38 anos, trabalharam durante uma semana na colheita de uvas destinadas à produção de vinhos e sucos.
Os quatro estavam alojados em uma casa de madeira em más condições, com fiação elétrica exposta. A água para consumo e higiene não era potável, sendo captada de um açude no qual também eram despejadas as águas das descargas do banheiro, “formando um esgoto a céu aberto na entrada do imóvel”, conforme informou o MPT.
Segundo relataram, a residência, com dois quartos, chegou a abrigar 11 homens que dormiam em colchões no chão e não tinham armários.
O resgate aconteceu no meio de uma série de fiscalizações na colheita de uvas no Rio Grande do Sul.
Em fevereiro do ano passado, uma operação similar resgatou 22 trabalhadores argentinos em condições análogas à escravidão na mesma região e também envolvia, como este caso, migrantes trazidos da província de Misiones, ingressando pela cidade catarinense de Dionísio Cerqueira.
Foi o oitavo resgate realizado no RS em 2025 até o momento. É o terceiro ano consecutivo em que são registrados casos de trabalhadores resgatados durante a colheita de uvas na Serra Gaúcha.
Falsas promessas
A recrutadora de serviços em São Marcos, segundo os trabalhadores, havia prometido boa remuneração e alojamento. No entanto, nem mesmo o pagamento pela semana de colheita foi feito.
A empresa em questão não foi encontrada durante a operação de resgate. O produtor rural identificado como contratante dos serviços alega que já havia efetuado o pagamento da remuneração devida, o que não o isenta de ter mantido os trabalhadores nas condições degradantes em que foram encontrados.
De acordo com dados do MTE divulgados em 28 de janeiro, em 2024, mais de 2.000 trabalhadores foram resgatados no Brasil de condições análogas à escravidão. No ano anterior, esse número já havia ultrapassado 3.100.
Nota do Editor: Agradecemos a Jair Krischke pelo envio desta informação.