Interpretar e se reinventar, diante das mudanças econômicas, da crise, e dos ataques do Grande Capital coligado ao governo federal. É o desafio do movimento sindical para atrair o apoio dos trabalhadores.

Com esforços reunidos em torno do objetivo, as entidades representativas dos trabalhadores da Alimentação lançaram nesta sexta (23) uma Campanha Nacional de Sindicalização e Valorização dos Trabalhadores. Trazendo o tema “É por você, é por todos nós, sindicalize-se”, a campanha estreou com live pelo aplicativo Meet, transmitida pelo Facebook e Youtube.

A iniciativa é da CNTA (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação), da Contac CUT (Confederação Brasileira dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT) e da UITA (União Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação). O objetivo, além de trazer o trabalhador à participação nos sindicatos, é fazê-lo compreender a importância do sistema federativo e confederativo.

Para subsidiar a live com dados, o diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Fausto Augusto Júnior, explanou sobre a conjuntura econômica e situação da sindicalização no país. Ao abordar o tópico “motivos pelos quais eu não sou sindicalizado”, com informações coletadas durante pesquisa do órgão entre trabalhadores, ele revelou que 26,6% dos entrevistados nem sequer conhecia o seu sindicato.

“Outros 11,8% responderam que não sabiam como se filiar. Apenas 17,2% responderam que não são filiados porque rejeitam as suas entidades, e apenas 7,2% consideram a contribuição cara”, discorreu. Segundo análise do técnico, tal percepção deve moldar as estratégias de sindicalização que se iniciarão com a Campanha.

Fausto citou o forte aumento da informalidade no mercado de trabalho brasileiro, que especialmente após a Reforma Trabalhista produziu novas e nocivas formas de contrato social. “Também temos aí o elevado grau de terceirização ou pejotização, como desafios para a sindicalização. O movimento sindical precisa de estratégias novas para abordar estes trabalhadores”, afirmou.

Trazendo números do IBGE sobre a redução da sindicalização no país (de 16% da massa de trabalhadores em 2012 para 11% em 2019), o diretor técnico do Dieese relacionou o fenômeno, a elementos da economia nacional e mundial, além dos ataques promovidos pelo governo federal às entidades. O alto índice de desemprego, acompanhado da precarização do contrato – expressa de forma simbólica na situação dos entregadores de aplicativos -, foram tópicos que reforçaram a dificuldade da abordagem dos trabalhadores.

Segundo ele, o trabalho de sindicalização deve começar com os próprios trabalhadores com carteira assinada, grupo que também registrou forte queda nos últimos anos. Conclamando os dirigentes sindicais à reflexão, ele estabeleceu como foco inicial da sindicalização a massa de trabalhadores formais da categoria, seguida dos terceirizados e aí sim dos informais.

CAMPANHA

Com temas como “Trabalhador que não contribui com sindicato ajuda o patrão a retirar direitos”, a Campanha Nacional de Sindicalização e Valorização dos Trabalhadores terá foco no esclarecimento acerca da luta sindical. “Devemos apontar as conquistas obtidas graças à atividade dos sindicatos. Muitas vezes o trabalhador se confunde a acha que a Legislação Trabalhista garante itens como Cesta Básica ou PLR (Participação nos Lucros e Resultados)”, apontou o presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo.
Um questionário será distribuído nos locais de trabalho, onde o empregado apontará cinco direitos conquistados pelo sindicato. Uma camiseta com dizeres que aludem à importância da sindicalização será distribuída, com o objetivo de criar uma corrente de estímulo entre os trabalhadores. Artes para smartphones, redes sociais, cartazes, áudio para rádio, anúncios na mídia impressa, adesivos e banners também vão enfatizar a importância de se sindicalizar.

“Não podemos nos esquecer de ressaltar a importância do sistema federativo, confederativo e as centrais sindicais. Só desta forma, conseguiremos criar a consciência de classe”, lembrou Artur Bueno de Camargo. O conteúdo da live está disponível pelo canal do Youtube da MB Comunicando (https://www.youtube.com/watch?v=SF5icjhU0ew), ou pelo Facebook da CNTA e Contac.

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