Sempre que estamos nos aproximando do final de ano, tenho a impressão de ficar mais ansioso: parece que os compromissos aumentam, assim como necessidade de zerar os compromissos para iniciar o próximo ano sem pendências. Parece que ficam todos mais agitados.
No final do ano, a frase mais dita por todos parece ser que “o tempo está passando muito rápido”, pois essa é a sensação da maioria das pessoas – e a minha também!
Há alguns anos atrás, quando eu já tinha essa impressão que o tempo estava passando muito rápido, em uma de minhas viagens sentou-se na poltrona ao meu lado um senhor que aparentava uns 60 anos. Começamos a conversar.
Ele perguntou sobre minha atividade eu respondi que era dirigente sindical. Ele se identificou como cientista. Depois de um bom tempo de papo, perguntei a ele se, com o conhecimento científico que tinha, podia responder se o tempo estava passando mais rápido ou se era só uma impressão individual das pessoas, mas que todas verbalizam igualmente.
Com muita calma e com o ar de ter uma resposta convincente, disse: a velocidade do tempo nunca mudou, somos nós que mudamos. Respondi que não concordava pois quando era criança, adolescente, até meus vinte e poucos anos, parecia que o tempo passava mais lento e, como faço aniversário no mês de dezembro, parecia que o ano se arrastava até as comemorações dos meus anos e do Natal.
Como um professor, ele disse que o minuto continuava a ter 60 segundos, a hora tinha 60 minutos, o dia a ter 24 horas; os meses, os mesmos dias. E os anos, 12 meses. Não estava certo? Tinha mudado alguma coisa nesse sentido no passar dos anos? Respondi que não.
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Porém, discutimos outros argumentos. Ele disse que há trinta ou quarenta anos atrás, um bebê recém-nascido demorava de 15 a 20 dias para abrir os olhos; hoje uma criança nasce praticamente de olhos abertos e sem a necessidade do tapinha na bunda para chorar. O cientista ainda brincou: e não deixe um celular perto dela pois ela pode pedir a senha do Wi-Fi!
E comentou: quanto mais informações recebemos, mais exercitamos o nosso cérebro, mais evoluídos serão os nossos descendentes e nós vamos lembrar de coisas que aconteceram há mais de um ano, com mais nitidez, com mais lucidez, com a impressão que aconteceram ontem. A evolução do cérebro nos vai causando, ao longo da vida, a impressão de que o tempo está passando mais rápido.
Portanto essa conversa com o cientista me convenceu que a velocidade do tempo não mudou, mas sim nosso cérebro e nosso estilo de vida: estamos vivendo com muito mais informações e com o exercício do nosso cérebro, o que causa a impressão que o tempo está passando mais rápido – mas é só isso mesmo: pura impressão.
O ensinamento de tudo isso é que precisamos, cada vez mais, aprender a aproveitar esse nosso tempo.
Atenciosamente;
Artur Bueno de Camargo – Presidente