Artur Bueno de Camargo – presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins)
Reforço a pergunta do título: o 1º de Maio deve ser uma data de comemoração, reflexão ou protesto?
Enquanto celebramos nossas lutas e conquistas, devemos refletir sobre as injustiças, e seguir protestando pela falta de políticas que valorizem o trabalho e o trabalhador na nossa sociedade.
Podemos comemorar a resistência do movimento sindical, que sobreviveu a todos os ataques e tentativas de aniquilação, por parte dos recentes governos conservadores. Ataques cujo objetivo era deixar o campo livre para o Capitalismo mais perverso, para que ele pudesse fazer dos trabalhadores seus verdadeiros escravos.
Devemos refletir para podermos ter consciência de que não existe conquista sem luta, e que cada um de nós tem o dever de aprofundar o conhecimento, para fazer o debate com a sociedade.
O protesto carrega o simbolismo do 1º de Maio e deve estar presente sempre, não com manifestações de revolta pura e simples, mas com atos que denunciem políticas que promovem e sustentam a desigualdade.
Podemos afirmar centenas de motivos que justificam o protesto, mas vou mencionar cinco: as milhões de pessoas desempregadas, enquanto ainda se praticam jornadas de trabalho superiores às 44 semanais legais; a retirada de direitos pela Reforma Trabalhista de 2017; as demissões arbitrárias; a falta de investimentos públicos e privados para garantir saúde e segurança no trabalho; e por fim, a interferência na autonomia das entidades representativas dos trabalhadores.
Companheiros e companheiras, nós que fazemos parte da classe trabalhadora precisamos fazer a luta em todos os campos, inclusive o do Poder Público.
Temos eleições municipais este ano. Se os segmentos progressistas não conseguirem impedir o avanço da direita e da extrema direita, podemos correr o risco de em 2026 eleger um Legislativo similar ao atual – conservador, sendo que muitos deles verdadeiros inimigos da democracia. O mesmo pode ocorrer com a eleição para o Executivo. Fica o alerta!
Neste 1º de Maio, parabéns a todos nós, trabalhadores e trabalhadoras!