A CNTA – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Alegrete, RS, entregaram ao Ministro Paulo Pimenta, que está à frente da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, dois documentos que alertam para os riscos que a tragédia do estado representam para os trabalhadores, de maneira geral, e em específico para aqueles que atuam no setor da alimentação. Os documentos foram entregues pelo vice-presidente da CNTA e também presidente do STIA Alegrete, Marcos Antonio Rosse.

Marcos Rosse, o Ministro Pimenta e Sirlei Prado, assessora do vereador Anilton Gonçalves

O primeiro documento é o ofício que havia sido encaminhado ao Ministro em maio, assinado pela CNTA, CONTAC-CUT e pela UITA – União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação, que destaca a importância da prorrogação dos instrumentos coletivos de trabalho em vigência enquanto perdurar os efeitos da tragédia que se abateu sobre o estado; que os postos de trabalho sejam mantidos, sem demissões; que as empresas atingidas possam flexibilizar jornadas de trabalho, observando as condições dos trabalhadores, também atingidos; e o apoio às entidades sindicais que tiveram suas sedes atingidas; além de outros itens.

O ofício pode ser baixado aqui:

O segundo documento foi uma “Carta Aberta à População” onde o STIA Alegrete expõe sua preocupação e tristeza sobre como os trabalhadores e trabalhadoras do Rio Grande do Sul estão sendo penalizados após a calamidade que se abateu sobre o estado.

“Mesmo em regiões que não tiveram grande impacto com as enchentes, estamos vendo o trabalho ser precarizado, os patrões se aproveitando da situação e do cenário de catástrofe, para diminuir direitos e salários, um quadro lamentável”, diz Rosse. “Os Sindicatos, as Federações e as Confederações estão muito preocupados com essa questão, pois estão usando a lamentável tragédia para prejudicar os trabalhadores e isso nós não podemos permitir!”, completa.

Leia a “Carta Aberta à População” do STIA Alegrete:

CARTA ABERTA A POPULAÇÃO

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Alegrete, em consonância com a FIEICA – Federação Intermunicipal dos Empregados em Industrias e Cooperativas da Alimentação do Rio Grande do Sul,  vem a público manifestar sua posição totalmente contrária a penalização dos trabalhadores e trabalhadoras do Rio Grande do Sul, de qualquer categoria, mesmo com relação as categorias autônomas, com a retirada de direitos de qualquer espécie, a título de compensação, amenização e ou quaisquer medidas que imputem a classe trabalhadora ônus sobre a calamidade que se abateu sobre nosso estado. A história da classe trabalhadora demonstra de maneira clara e inequívoca que sempre que algo excepcional acontece, excepcionalidades essas da qual nenhum trabalhador ou trabalhadora tem qualquer responsabilidade, são os nossos direitos, os nossos salários ou mesmo os nossos empregos, quem pagam as contas, e isso precisa ter um basta. Entendemos perfeitamente que situações de pandemia e catástrofes climáticas como o atual caso, penalizam as empresas, muitas das quais tiveram instalações e produtos atingidos, alguns inclusive com perdas totais, assim como entendemos que no nosso estado, mesmo localidades que não foram atingidas pela catástrofe, também sentirão os efeitos devido a logística do nosso estado ter sido atingida e isso terá um custo. Porém, esse custo não pode ser repassado mais uma vez para trabalhadores e trabalhadoras a exemplo, mais recente, de como aconteceu com a pandemia, dentre outros. As estruturas empresariais gozam de vultosos seguros, além de generosos recursos governamentais para a recuperação de seus prejuízos materiais, muitos dos quais a fundo perdido, enquanto a “ajuda” que chega para a classe trabalhadora é sempre coisas como liberação de FGTS, que já é um dinheiro nosso que apenas está retido, é perca das férias, já que dar férias a pessoas que estão paradas contra as suas vontades, muitos dos quais em abrigos lutando para sobreviverem com seus familiares beira a desumanidade e o deboche de uma situação tão trágica. Diante desse quadro tão grave e, entendo que a classe trabalhadora, historicamente, sempre contribuiu até agora com valores e direitos que acarretaram perdas históricas que jamais serão recuperadas. Diante disso propomos que o governo federal convoque os representantes empresariais e os representantes dos trabalhadores, ficando como mediador de um debate, para estabelecermos um acordo que pacifique as relações de trabalho, em um momento em que cada um tentam achar saída para os seus próprios problemas, sem se preocupar ou tentar resolver o problema de todos. Nesse momento tão difícil para o mundo do trabalho gaúcho, mas principalmente para trabalhadores e trabalhadoras que são a parte mais fraca, nunca a presença forte do estado foi tão importante e necessária.

Alegrete, 12 de julho de 2024

 Marcos Antonio Rosse – Presidente