Não precisava se esforçar muito para perceber que o golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência tinha o objetivo de colocar Michel Temer no poder, enfraquecendo, assim, os órgãos civis organizados e retirando direitos dos trabalhadores, em benefício da pior camada dos detentores do capital.
Para impossibilitar qualquer risco de eleger um candidato da oposição, criaram uma farsa, incriminando o único político com liderança suficiente para ganhar as eleições de 2018 e desmontar o esquema montado. A única alternativa que encontraram foi prender e tornar inelegível o, então candidato, Luiz Inácio Lula da Silva.
O plano funcionou, elegeram Jair Messias Bolsonaro, que, além de incompetente, demonstrou sua vocação para a ditadura durante seus quatro anos de mandato. Ele cometeu as maiores barbáries e os órgãos públicos, que têm o dever de fiscalizar, não fiscalizaram, os que têm o dever de apurar, não apuraram – e os que têm o dever de punir, não puniram.
A única coisa que cansamos de ouvir foi a justificativa de que toda e qualquer ação referente ao Presidente da República precisaria do aval do Procurador Geral da República (PGR). Entretanto, era público e notório que o Procurador, Augusto Aras, foi nomeado por Bolsonaro com o intuito de “passar pano” para seus atos criminosos. Mesmo assim, nada foi feito durante os dois anos de seu mandato – e Aras ainda foi reconduzido por mais dois anos, com a aprovação do Senado Federal.
O que muito me admira é ouvir autoridades se dizerem surpresas com o vandalismo cometido na Esplanada. Essas pessoas vinham sendo mandadas por organizações criminosas, preparadas, apoiadas e financiadas por um esquema. Esquema este que não foi impedido de atuar pelos órgãos, muito bem pagos pela sociedade brasileira, para manter a ordem.
Em relação ao episódio terrorista, com todo respeito aos que consideraram correto o procedimento das corporações, apesar de eu não ser o dono da verdade e não ter a menor pretensão de ser, penso que todos os órgãos públicos, organizações civis e a sociedade, em geral, têm uma parcela de culpa.
Começando pelo Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que engavetou mais de 100 pedidos de impeachment contra o então Presidente, Jair Bolsonaro, e pelos deputados que não o pressionaram. Não podemos nos esquecer dos Senadores, que aprovaram, por duas vezes a indicação do Procurador Geral da República, Augusto Aras.
O Supremo Tribunal Federal fez mais discursos bonitos do que realmente agiu contra os crimes cometidos. O maior exemplo disso foi o candidato Jair Bolsonaro, que não teve limites para usar a máquina pública durante sua campanha nas eleições de 2022. Até agora, não vi nada além de falas afirmando tal fato, como sempre, e nenhuma medida tomada de fato.
A realidade é que o Presidente Lula tem uma tarefa árdua pela frente: fazer com que a segurança nacional volte a funcionar. Se ele será capaz de executá-la com a equipe que está no poder, eu não sei, afinal, o episódio do último dia 8 ocorreu com eles no comando dos órgãos de Segurança Nacional.
Companheiros e companheiras, que todas essas tragédias que ocorreram durante os últimos seis anos, nos governos Temer e Bolsonaro, nos sirvam de lição, para que possamos trabalhar mais na conscientização da classe trabalhadora e da sociedade em geral.
Só será possível vivermos em paz e com dignidade se prevalecer a democracia com justiça social.
Artur Bueno de Camargo – Presidente