A direção da Lactalis de Teutônia-RS cedeu à mobilização dos trabalhadores – que estavam em greve –, e vai repassar um aumento real de 0,5% nos salários pagos em novembro (retroativo a junho), além de repor a inflação do período. Vitória dos empregados, diante da intransigência da multinacional francesa, que oferecia apenas a inflação.

“Esta empresa é um desafio para a categoria. Durante audiência de conciliação na Justiça do Trabalho, a Lactalis recusou qualquer tipo de valorização. Só com a greve a coisa andou”, apontou Pedro Mallmann, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Estrela e Região. A entidade é filiada à CNTA (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins), que apoiou integralmente o movimento grevista.

“Chega a ser uma provocação. A Lactalis não concede aumento real nos salários fazem oito anos, mas ao mesmo tempo está comprando as unidades DPA (Nestlé/Fonterra) de Araras-SP e Garanhuns-PE pelo valor de R$ 700 milhões”, analisou o presidente da Confederação, Artur Bueno de Camargo.

Para Pedro Vieira, diretor do sindicato e da CNTA, a vitória em Teutônia é um exemplo para todos os trabalhadores da Lactalis no país. “O caso revela um traço importante do comportamento desta empresa – ela só entende a importância de valorizar o trabalhador por meio da mobilização firme da categoria”, opinou.

Esta mobilização também teve apoio da UITA (União Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação).

REAJUSTE

As negociações se arrastavam desde junho, data-base da categoria. No total, o reajuste ficou definido em 4,24%, sendo que os trabalhadores também conquistaram aumento de 8% no Vale-Alimentação, atingindo um valor de R$ 210. As horas paradas não serão descontadas dos grevistas.

A Lactalis é a maior empresa de laticínios do Brasil e do mundo, responsável por marcas como Batavo, Elegê e Président. Está presente em 88 países, com mais de 250 fábricas e 80 mil empregados. No Brasil, mantém 21 plantas fabris espalhadas por 8 Estados e 10 mil funcionários.