Foi entregue ao Ministério Público do Trabalho (MPT) em Passo Fundo relatório de análise da situação ergonômica do Frigorífico JBS de Frederico Westphalen. O documento, elaborado sob auspício da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), instruirá a ação do MPT no acompanhamento e resolução do caso, sob responsabilidade da procuradora do Trabalho Flávia Bornéo Funck.
Os principais problemas ergonômicos encontrados são assentos inadequados, ritmo de trabalho acima do limite de 40 ações técnicas por minuto, carregamento excessivo de peso, superlotação de setores, ausência de apoio para pés e de rodízios de função. De acordo com a fisioterapeuta do Trabalho Carine Taís Guagnini Benedet, autora do documento, a análise ergonômica do trabalho, um dos documentos apresentados pela empresa e previsto pelas Normas Regulamentadoras (NR) nº 17 e 36, “traz estudo aprofundado e aponta os riscos relativos a repetição e posturas com carga excessiva, aborda claramente as medidas de controle a serem tomadas em todas as instâncias do processo. Bastava ser aplicado o que ali consta, com algumas ressalvas, o que não foi o caso”.
Por exemplo, os planos de ação apontam postos de trabalho com até 92 ações técnicas por minutos e o problema não foi enfrentado. “Isso mostra carência de gestão efetiva e autônoma na saúde do trabalhador”, explica. Outro ponto observado foi a padronização de cadeiras adotada pela JBS em suas plantas, a despeito das particularidades de cada linha de beneficiamento. “Em ergonomia, não podemos padronizar mobiliários, como feito pelo grupo, pois cada planta e cada seção da planta tem sua particularidade, abate animais de portes diferentes, e há ainda a se considerar o biótipo de trabalhadores completamente distintos”. As cadeiras, além disso, não atendem ao disposto nas NRs.
O frigorífico foi inspecionado entre 11 e 13 de agosto por força-tarefa do MPT-RS, com a participação do movimento sindical e entidades de promoção da segurança e saúde no meio ambiente de trabalho. Na ocasião, a própria empresa foi convencida a autointerditar cinco serras-fita da planta, sendo quatro no setor da sala de corte e uma no setor de sequestro (retalhos da carcaça), devido ao grave e iminente risco à saúde e segurança dos trabalhadores. Fonte: Rádio Progresso