A CNTA – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação, entidade de classe de âmbito nacional, e a FETIASP – Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de São Paulo, entidade de classe de âmbito estadual, reconhecem a autonomia da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que representa 133 sindicatos patronais e de mais de 130 mil indústrias no estado de São Paulo.
Acompanhamos, destarte, as condições e os desdobramentos do processo de afastamento e destituição do presidente em exercício da entidade, Josué Gomes, iniciado em assembleia considerada sem validade jurídica pelos assessores do presidente, na segunda-feira, 16 de janeiro. A entidade emitiu nota dizendo que Gomes continua na presidência. Consideramos, na sequência, uma visão que engloba aspectos do delicado momento pelo qual passa o país e sua relação com o referido processo de destituição.
Ainda estamos vivendo e vendo ânimos acirrados da polarização política, materializados tristemente nos atos do fatídico domingo, dia 8 de janeiro, em Brasília, com reflexos no próprio mercado financeiro e na economia brasileira. Apesar da vitória da democracia, ela deve ser exaltada continuamente, exercida em todos os âmbitos possíveis, no sentido de ampliar ainda mais a transparência e a lisura nos processos. Faz-se urgente que qualquer movimento que pareça antidemocrático ou de aparente perseguição ideológica ou política, seja apresentado dentro das conformidades legais e regimentais, sob o risco de apontar novas afrontas à combalida – mas vitoriosa! – democracia.
Da maneira como o ato inicial de tentativa de destituição do presidente Josué Gomes se deu, pairou uma dúvida sobre os motivos de tal processo. Afinal, Gomes esteve à frente do Manifesto Pela Democracia, durante a última campanha presidencial, e é filho de José Alencar, de saudosa lembrança, vice-presidente de Lula em seus dois primeiros mandatos. Não se pode sugerir à opinião pública, diante desse cenário, que a tentativa de destituição do presidente de uma entidade como a FIESP aconteça por retaliação política ou perseguição.
Por último, conflitos entre o capital e o trabalho sempre existiram e irão continuar existindo; os interesses permanecem inegociáveis, mas precisamos defender a nossa democracia – e qualquer ameaça de ruptura democrática fará todo mundo perder e deve ser rechaçada.
Artur Bueno de Camargo – Presidente da CNTA
Antonio Vitor – Presidente da FETIASP