Artur Bueno de Camargo – presidente da CNTA

Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que no Brasil há 15,4% mais gado do que gente – o número de seres humanos vivendo no país é de 203,1 milhões, contra 234,4 milhões de cabeças bovinas (dados de 2022).

O rebanho bovino teve crescimento de 4,3% entre 2021 e 2022, mesmo percentual dos suínos, que atingiram 44,4 milhões de cabeças. No caso dos galináceos (frangos, pintos, galos e galinhas), o crescimento foi de 3,8%, alcançando 1,6 bilhões de cabeças.

A maior concentração de bovinos está no Pará, com destaque para São Felix Xingu, com 2,5 milhões de cabeças de gado em 2022. O rebanho de suínos está concentrado no Sul, responsável por 51,9% do total. Toledo-PR tem 909,9 mil suínos. O segmento de galináceos também se concentra no Sul, com 21,1 milhões de cabeças no município de Cascavel-PR.

O aumento na produção de carnes entre janeiro e agosto de 2023 resultou numa deflação de 9,65% pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Mesmo assim, grande parte da população brasileira não possui poder aquisitivo para ter acesso. É por isto que o setor de carne bovina, suína e avícola opta pela exportação, sendo a China o maior importador.

NÃO POSSO DEIXAR DE EXPRESSAR MINHA INDIGNAÇÃO DIANTE DESTE DADO, QUE MOSTRA A INJUSTIÇA DO NOSSO PAÍS. SOMOS OS MAIORES EXPORTADORES DE ALIMENTOS, SEJA DE CARNE OU GRÃOS, E CONVIVEMOS COM MAIS DE 30 MILHÕES DE PESSOAS PASSANDO FOME. É INADMISSÍVEL!!!

O discurso fantástico do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU apontou para uma política global mais civilizada e humana, mas sabemos que os líderes do capitalismo são insensíveis ao sofrimento da humanidade. A reunião bilateral do presidente Lula com o presidente dos EUA, Joe Biden, acendeu uma luz no final do túnel, quando destacou políticas que proporcionem justiça social – destaque para a ampliação de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Sabemos que qualquer política de valorização do trabalho e distribuição de renda enfrentará resistência dos detentores do capital, e daqueles que estão a serviço deles. No Brasil, quando se propõe a taxação de fortunas e fortalecer as representações dos trabalhadores, a maioria dos parlamentares do Congresso se revolta e declara guerra contra, porque estão a serviço do capital.

A sociedade organizada precisa se engajar nesta luta, para fazer prevalecer a tão sonhada justiça social.