Em meus 45 anos de atuação na vida sindical e política, nunca tinha presenciado uma situação tão inusitada: um grupo de cidadãos brasileiros inconformados que, depois de muito pensar, não encontrei nenhum adjetivo que pudesse, de fato, caracterizá-los.

Talvez, o que mais se aproxima do que pensam e como agem seja: totalitários.

São aqueles que, quando crianças, por serem os donos da bola, achavam que tudo deveria ser do jeito que queriam, inclusive o resultado do jogo. Quando se sentiam frustrados, não aceitavam a derrota, pegavam a bola e encerravam a partida.

Este comportamento, se não for corrigido, permanece e se acentua durante a formação de caráter do indivíduo, na adolescência e, depois, na fase adulta.

Pela impossibilidade de exercer o totalitarismo em ambientes do cotidiano, tais indivíduos se tornam cada vez mais frustrados e revoltados.

De repente, aparece um tal de Jair Bolsonaro, com um perfil de comportamento que atende, na íntegra, todo esse totalitarismo enrustido desse pessoal e, assim, começa a idolatria. O chamam de “mito”, “herói” e “salvador da pátria”, mas, na verdade, ele somente possibilita essa parcela da população de extravasar todo totalitarismo reprimido.

Quando ficamos horrorizados, com atitudes e comportamentos absurdos de algumas pessoas, devemos ter em mente que não passa de uma vontade de vingança, que veio desde quando os meninos mais pobres, que jogavam bola com eles, se atreveram a não aceitar suas regras. Mesmo o dono da bola indo embora, com o intuito de encerrar a partida, os outros resolveram construir bolas com meias velhas, voltando a jogar.

foto de J. Balla via Unsplash

Chegando em casa, todos esses donos da bola, com certeza não ouviram a bronca que deveriam ter ouvido e, consequentemente, o sentimento de totalitarismo foi crescendo dentro deles.

A história do menino e da bola, evidentemente, é só um exemplo, mas, com certeza, estes indivíduos, durante a vida escolar, profissional e social, passaram por muitas frustrações, por tentarem impor a sua vontade (totalitarismo) e não conseguirem.

Mas, afinal, como lidar com essa situação, que está envergonhando o país? Mostrando que uma parcela da população é totalitária, às raias da ignorância?

Não sou – e nem pretendo ser – o dono da verdade, mas as instituições brasileiras precisam agir de forma rápida e eficiente. Como um médico plantonista age em casos graves e urgentes.

Quem são os empresários financiadores e investidores dessa parcela totalitária e inconformada que está provocando confusão e cometendo crimes no Brasil? Muitos deles, certamente, são os que choram em negociações salariais, tentando barrar um aumento de salário, melhores condições no ambiente de trabalho ou um ticket alimentação com valor mais digno para o trabalhador. Infelizmente, quando se trata de suas mágoas e frustações totalitárias, são capazes de gastar milhões.

Essas pessoas precisam ser julgadas no rigor da lei – mas também precisam de tratamento mental.

O bem sempre vence o mal, com certeza – e dessa vez não será diferente.

Artur Bueno de Camargo

Presidente da CNTA