Esta eleição, de 2022, ficará marcada na história do país. As barbáries que ocorreram durante a campanha pedem uma reflexão e tomada de posição, para que eventos iguais não se repitam.
Sempre, aqueles candidatos e candidatas à reeleição, que estiveram no exercício mandatário, no poder executivo, de alguma forma, utilizaram a máquina pública, seja nos municípios, nos estados ou na União.
Nas eleições de 2022, entretanto, não só o Presidente da República utilizou a máquina pública da União. Ele também disponibilizou aos seus apoiadores, que concorreram a cargos legislativos, utilizando o famoso “Orçamento Secreto”.

O presidente Bolsonaro utilizou a maioria que compõe o Congresso Nacional. Durante o seu mandato, eles receberam benevolências do Executivo para que, nas vésperas das eleições, liberassem dinheiro para as pessoas que já passavam necessidades desde o início da pandemia do COVID 19.
Em março de 2022, infelizmente, os órgãos que têm o dever de coibir e punir a utilização de verbas públicas com finalidade eleitoreira, não conseguiram promover ações suficientes para impedir esta prática – a utilização da máquina pública para fins eleitorais.

O presidente Bolsonaro, durante o seu governo, protegeu e ajudou os grandes pecuaristas. Eles, que detém o setor, muitas vezes, de forma criminosa, utilizaram seu poder econômico para coagir ou oferecer compensações aos trabalhadores que votassem no candidato Bolsonaro.

O pior de todos os maus exemplos que o Presidente Bolsonaro praticou, durante o seu mandato, é o fato de abrir precedência para que muitos profissionais, que exercem cargo público, também se sintam no direito de utilizar seu cargo para atender a interesses pessoais ou do próprio Presidente, a exemplo da Polícia Rodoviária Federal.

Sempre que alguém, no exercício de seu cargo, revela o que pensa e pratica, muitos seguem o exemplo, que pode ser bom ou ruim, utilizado para o bem ou para o mal. No caso de Bolsonaro, infelizmente, os exemplos são ruins e utilizados para o mal.
Vamos citar alguns:

Em 2018, Bolsonaro, candidato à Presidência da República, disse que só não foi eleito no primeiro turno por ter havido interferência nas urnas eletrônicas. Mesmo sem prova alguma de tal fato, os órgãos competentes passaram pano. Consequentemente, tal questionamento foi ganhando força por seus apoiadores.

Durante o período mais crítico da pandemia de COVID 19, já no cargo de Presidente da República, Bolsonaro, em um primeiro momento, se omitiu em relação à compra de vacinas, se negando a tomar e incitando medo à população. Depois, colocou em sigilo sua carteira de vacinação, não revelando se tomou ou não a vacina contra COVID 19.
Passou a fazer propaganda de medicamentos sem nenhuma comprovação científica do real efeito contra COVID19, levando muitas pessoas a acompanharem sua decisão e perderem suas próprias vidas. Em consequência de toda irresponsabilidade do Presidente, surgiu um questionamento em relação a segurança e eficácia até mesmo de outras vacinas, que vinham prevenindo e amenizando outras inúmeras doenças ao longo de anos.

A demonstração de insensibilidade e deboche do Presidente para com as vítimas do Covid19, imitando pessoas com falta de ar, chamando-as de maricas.

Tudo isso, com certeza, fez com que muitos apoiadores de Bolsonaro se revoltassem, abandonando-o. Os que ficaram, perderam também a sensibilidade e o bom senso.

Muito me admira, a revolta e decepção dos eleitores de Bolsonaro com os bloqueios nas rodovias e toda violência praticada. Afinal, essa sempre foi a pregação do Presidente: violência, não cumprimento de regras, o interesse próprio acima do interesse da população. Precisamos aprender que pau que bate em Chico, bate em Francisco.

Esperamos que daqui para frente haja harmonia, paz e respeito às instituições. Violência e negacionismo, nunca mais!

Que os crimes cometidos, por quem quer que seja, sejam investigados e punidos pelos órgãos competentes, a rigor da lei.

Artur Bueno de Camargo
Presidente.

Brasília, 01 de novembro de 2022