Geraldo Alckmin e Artur Bueno Júnior

O vice-presidente da CNTA, Artur Bueno Júnior, reuniu-se em Brasília-DF no dia 13 de julho com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. O objetivo foi debater o setor sucroalcooleiro nacional, que vive momento de concentração econômica, e transformação do processo produtivo.

Participaram da reunião a advogada da CNTA, Rita Vivas, além de representantes da Fetiasp (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo) e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas do Estado de São Paulo.

 “O emprego nas Usinas de Cana de Açúcar e Etanol vive importante reconfiguração, tanto por conta do avanço tecnológico como desta concentração. O governo precisa estar presente ao debate, até pelo caráter estratégico do setor”, argumentou o dirigente da CNTA, que teme demissões.

Na reunião, foi entregue a Alckmin uma agenda propositiva dos trabalhadores da indústria sucroalcooleira, que citava os pujantes números do setor – são 429 usinas no país, com 607 milhões de toneladas processadas na última safra de cana-de-açúcar – o que lhe confere status de líder mundial.

Ao mesmo tempo, nos últimos 10 anos (2012 – 2021) o setor apresentou uma taxa de rotatividade global média de 47,5% – ou seja, todos os anos quase metade do emprego formal é desligado e recontratado. “Há mais números conflitantes. No ano passado, foram resgatados 362 trabalhadores em condições análogas à escravidão no cultivo de cana-de-açúcar brasileiro, problema que também se verificou na área industrial das usinas”, analisou Artur Bueno Júnior, que também preside o Stial (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Limeira e Região).

NEGOCIAÇÕES

O representante da CNTA relatou que os grandes grupos (Raízen, Atvos, São Martinho, Tereos e Cofco) estão adquirindo usinas de caráter familiar e dificultando as negociações salariais. “Sempre foi um setor poderoso e está cada vez mais. O movimento sindical luta com garra para garantir a dignidade salarial dos trabalhadores, mas o Estado brasileiro tem responsabilidade”, apontou. Em todo o país, são 480 mil empregados.

Com Alckmin, o grupo também conversou sobre a indústria de carros elétricos, e destacou a importância de preservar a produção do Etanol – pouco poluente – no estímulo aos carros híbridos. A conversa ainda versou sobre os fartos incentivos à indústria, e a necessidade de compromisso no tocante à manutenção de empregos e na negociação salarial digna.

Segundo o vice-presidente da CNTA, Alckmin se mostrou sensível aos pleitos sindicais, e consciente da situação relatada. Ele convidou o vice-presidente da República para o VIIIº Congresso Nacional da Categoria da Alimentação e Bebidas, da CNTA, que ocorre em 20 de julho na cidade de São Paulo.