Xaxim/SC (19.2.2018) – Está aberta a campanha salarial 2018/2019 dos trabalhadores da agroindústria Aurora, unidade de Xaxim. Assembleia da categoria aprovou a pauta de reivindicações contemplando cláusulas econômicas e sociais. O documento contém 53 pontos e estabelece todas as diretrizes, benefícios e obrigações do capital e trabalho. O Sindicato do Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas de Carnes e da Alimentação de Xaxim – Sintrac submeteu a proposta a apreciação da classe que a aprovou por unanimidade. O conteúdo do acordo proposto está sendo encaminhado ao patronal, para análise. Posteriormente o debate ganha o devido encaminhamento e respectiva finalização.
O presidente do Sintrac Pedro Kalinoski crê “em boa recepção” da proposta, por estar posicionada “dentro da realidade”. A desconfortável situação econômica do país é levada em consideração, “mas precisamos avançar” explica o sindicalista. A negociação deve ser pautada pela “justiça social” para que “injustiça não sejam cometidas”, comenta o dirigente.
Basicamente os trabalhadores querem aumento equivalente a 100% da inflação acumulada nos últimos 12 meses, mais ganho real de 3%. O piso salarial pedido é de R$ 1.400,00. Reivindicam ainda cesta básica e Participação nos Lucros e Resultados da empresa. O reajuste serve de base a todas às demais questões econômicas como, por exemplo, o prêmio por tempo de serviço. O acordo contempla uma série de benefícios e vantagens que os trabalhadores só terão direitos “graças a existência do sindicato”, expôs Kalinoski.
Preço da inconsequência – O presidente da Fetiaesc (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Alimentação de Santa Catarina), Miguel Padilha, coordenou a assembleia. Prevê que o acordo “dificilmente será fechado” caso as reivindicações eventualmente não venham a ser atendidas. “Temos que buscar o que é do trabalhador” declara, para acrescentar que o conturbando momento nacional, tema de seu discurso, “não pode interferir negativamente na negociação”. Disse entende as dificuldades, mas pondera que os trabalhadores não podem pagar o preço “da inconsequência governamental”.
Volta a senzala – A nova lei trabalhista e a reforma previdenciária foram assuntos tratados pelo presidente da Força Sindical de Santa Catarina, Osvaldo Mafra. As duas mudanças (a trabalhista já em vigor) “provocam imensa perturbação ao mundo do trabalho”. Condena as atitudes do governo com aval da classe patronal que querem “reduzir drasticamente o poder dos sindicatos para escravizar os trabalhadores”. Lamenta por que as categorias profissionais estão na iminência “de voltarem à senzala” já que não há mais direito garantido nem emprego assegurado.
Dívida de R$ 800 BI – A dívida de grandes empresas com a Previdência Social é superior a R$ 800 Bilhões, informou. Mafra comenta que o “astronômico valor” de oitocentos bilhões de reais poderia perfeitamente sanear o sistema “se é que registra realmente o déficit alegado pelo governo”. Entende que é esta dívida o que precisa ser cobrado “e não submeter os trabalhadores ao impositivo massacre previsto”.
O presidente da Força catarinense diz que reformar a previdência é a maneira encontrada pelo governo para “aumentar os lucros” de setores específicos. Na relação estão os planos de saúde e previdência de iniciativa privada e os bancos. Com estas atitudes os trabalhadores, que já sofrem as agruras do poderio econômico, serão ainda mais penalizados.
O advogado Diego Ferraz repassou informações sobre as ações trabalhistas que cobram direitos da falida empresa Diplomata, antecessora da Aurora. A tramitação está prestes a ser finalizada. Possivelmente em março os trabalhadores começarão a receber os valores pendentes.- – – – –
Foto: Os trabalhadores aprovaram sem restrição a proposta para negociar o acordo coletivo
