O empresário Abilio Diniz costuma ser bom de briga. Mas, como presidente do conselho de administração da empresa de alimentos BRF, Diniz está pronto a se retirar da batalha orquestrada pelos fundos de pensão Petros e Previ para mudar a administração da companhia. Os fundos ficaram furiosos com o resultado da empresa, que teve prejuízo de 1,1 bilhão de reais em 2017 — enquanto o desempenho da concorrente de alimentos JBS, que passou por um drama de reputação e troca de gestão no último ano, vai de vento em popa.

Segundo pessoas próximas, Diniz não fará uma guerra para se manter como chairman da BRF, mas defenderá que a mudança na gestão seja cautelosa — e que a atual equipe executiva permaneça. A BRF tinha programado para 7 de março uma apresentação do plano de ação bolado pelos executivos que assumiram há menos de um ano (como o diretor-presidente José Aurélio Drummond Júnior, ex-presidente da Alcoa e da Eneva, que assumiu há pouco mais de dois meses; e Alexandre Almeida, que deixou a presidência da fabricante de lácteos Itambé em março de 2017). Mas a apresentação foi cancelada.

Diniz defende que a equipe execute o plano, mesmo que o conselho seja alterado, inclusive com sua saída. O empresário é parte interessada — afinal, é o único entre os principais acionistas que aumentou sua participação direta na BRF no último ano, de 1,9% para 2,75% do capital em maio. Fundos como Tarpon e GIC reduziram suas participações. “Abilio não vai cair atirando, a menos que os fundos o levem a isso”, afirma um executivo com conhecimento do assunto. A reunião de conselho, solicitada pelos fundos de pensão, está marcada para 5 de março. Uma assembleia de acionistas para troca de conselho pode ser agendada para 30 dias depois — mas, antes, os fundos terão de apresentar a chapa que estão propondo. Os envolvidos não comentam o assunto.

Fonte: Exame

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