Todos os espectros políticos tentam saídas que lhe convém neste instante em que se aproximam as eleições de outubro. É o que o PSDB está fazendo neste momento ao lançar o “Manifesto por 1 polo democrático e reformista”, nesta terça-feira (5), na Câmara dos Deputados. A mobilização parlamentar é articulada pelo deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) e pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF).

O “centro nervoso” dessa articulação política é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que preocupado com o fato de o candidato tucano, Geraldo Alckmin, não decolar, tratou de se mobilizar para evitar 1 fiasco político-eleitoral em outubro.

O manifesto é encabeçado pela maior liderança do PSDB, o ex-presidente FHC. O texto pede a união de diversos partidos em torno de uma única pré-candidatura ao Planalto.

A articulação político-eleitoral da direita, agora autoproclamada de “centro”, daí deriva toda a confusão do processo político atual, é para evitar 2 problemas:

1) a ascensão e consolidação em 1º lugar nas pesquisas da candidatura extremista do deputado Jair Bolsonaro (PSL), inflada pela crise criada e conduzida pelo grupo que ora quer unir o “centro”; e

2) o crescimento de Ciro Gomes (PDT), em 2º lugar nas pesquisas de intenção de voto, que ora polariza com Bolsonaro, e que é chamado de “populista”, porque defende agenda em defesa do Brasil e do povo mais pobre.

Segundo os autores do manifesto, o documento foi desenvolvido a partir do temor de que as eleições de outubro se concentrem em extremos. O objetivo é fazer com que o “centro democrático”, assim se intitulam agora, esteja presente no 2º turno. Entre os partidos conclamados a conversarem em torno de projeto único, foram citadas legendas de centro e de direita, entre elas: PSDB, PPS, PSD, PV, MDB, DEM, Rede, Podemos, PRB e o Novo. Com exceção do PPS e do PV, todas as demais siglas têm candidatos. Assim, não vai ser fácil fazer essa união.

A começar pelo fato de o candidato tucano, Alckmin, patinar nas pesquisas de intenção de voto. O PSD lançou a pré-candidatura de Afif Domingos; o MDB laçou Henrique Meirelles; o DEM está com Rodrigo Maia; a Rede tem Marina Silva; o Podemos está com o senador Álvaro Dias (PR); o PRB tem a candidatura do empresário Flávio Rocha; e o Novo está com João Amôedo. Quem vai abrir mão? Que programa presidirá essa possível aliança conservadora?

O manifesto foi elaborado a 4 mãos. Pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), o deputado Marcos Pestana (PSDB-MG) e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). O texto elenca o que chama “17 ideias iniciais” para alimentar o debate:

1) a defesa intransigente da liberdade e da democracia como caminho para a construção do futuro do país 2)  a luta contra todas as formas de corrupção
3) prioridade absoluta para a transformação inadiável de nosso sistema educacional 4) a busca incansável do equilíbrio fiscal, sem o que não se sustentarão os atuais baixos patamares de inflação e da taxa de juros
5) a reconstrução de nossa Federação, com uma radical descentralização, fortalecendo o poder local e regional num país de dimensões continentais 6) a mudança estrutural de nosso sistema tributário tornando-o mais simples, justo, desburocratizado e eficiente
7) reformar nosso sistema previdenciário injusto e insustentável. Precisamos de um sistema único que elimine privilégios e assegure o equilíbrio atuarial 8) incentivo radical à promoção da ciência e tecnologia
9) combate a todas as formas de autoritarismo e populismo. A demagogia e atitudes hostis à vida democrática devem definitivamente ser afastadas do cenário nacional 10) defesa de um alinhamento internacional que resgate, as melhores tradições do Itamaraty, com uma política externa que privilegie os verdadeiros interesses nacionais
11) Uma postura firme no setor de segurança pública baseada no princípio de tolerância zero com o crime organizado 12) aprofundar o esforço de qualificação do Sistema Único de Saúde
13) adotar soluções criativas e eficazes na moradia e no saneamento, aprendendo com a experiência acumulada pelo “Minha Casa, minha vida” 14) empreender esforços para a concretização de uma profunda reforma política que aproxime a representação política das bases da sociedade
15) defesa de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável 16) fortalecimento da administração pública, com a modernização de suas estruturas
17) o combate sem tréguas à miséria, à pobreza e às desigualdades sociais e regionais, graças à elevação da produtividade e à melhoria da distribuição de renda

Fonte: DIAP

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