Sindicatos de todo o país, com atuação nas cidades que abrigam unidades da empresa Lactalis do Brasil, decidiram manter a mobilização nacional, e o Estado de Greve pela reposição inflacionária nos salários. A posição foi estabelecida durante reunião virtual realizada nesta sexta (30), com organização da CNTA (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins), Contac CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação da CUT) e UITA (União Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação).

“Nenhum sindicato vai assinar acordo, se nacionalmente a empresa não se comprometer a pagar o reajuste inflacionários nos salários”, afirmou o presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo. Durante a reunião, diversas entidades relataram o assédio da empresa nas localidades. “Querem quebrar a unidade dos trabalhadores, mas não vão conseguir”, prosseguiu o dirigente sindical.

As atitudes da empresa são incessantes. Em Teutônia-RS, a folha de pagamento dos empregados já foi confeccionada com reajuste salarial de 7,12%. O índice representa 80% da inflação acumulada do período, e um número imposto pela Lactalis durante as negociações. A atitude resultou na disposição ainda maior do grupo de entidades sindicais presentes à reunião, pela unidade nacional.

De acordo com relatos dos dirigentes presentes no encontro virtual, a empresa teria “sentido” o baque do Estado de Greve decretado na terça (27). “Ficou clara a adesão dos trabalhadores à mobilização. A direção da Lactalis percebeu o impacto da movimentação”, apontou o presidente da CNTA. Durante o encontro, os dirigentes sindicais levantaram a necessidade de unificação das datas-bases, nas negociações relativas às unidades da Lactalis em todo o país.

DIEESE

O diretor-adjunto do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), José Silvestre Prado, balizou a bandeira das entidades pela exigência da reposição inflacionária nos salários. “A inflação acumulada de junho, 9,22% pelo INPC, mostra-se inferior ao aumento de preços dos produtos que a Lactalis vende. Leites e derivados tiveram aumento de 13,64% no período, leite longa vida 11,37%”, mostrou Silvestre.

“Os produtos tiveram aumento de preços, mas o trabalhador não merece receber tal equiparação? É mais um dado para nos ajudar a fazer o trabalhador entender a luta”, resumiu Artur Bueno de Camargo. Ele ressaltou outra informação presente na exposição do Dieese – a Lactalis do Brasil teve aumento de quase 170% nas exportações, em 2020. “A empresa vai muito bem”, resumiu Artur Bueno.

Nova reunião deve ocorrer na próxima semana, e a distribuição de mais um Boletim Informativo. “A greve é o último recurso, mas não está descartada. Este momento está sendo importante para conscientizar os trabalhadores de que o discurso de crise da empresa é uma grande furada, e que só a união em torno das entidades sindicais pode trazer justiça”, finalizou o presidente da CNTA.

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